Nosso lugar

O nosso lugar

É muito especial

Fica no interior

De um país nada normal

Nós o chamamos Brasil

E tem dimensão continental

Com um povo bem diverso

O sertão surpreende

Chegando de mansinho

No coração, se prende

Quem ousa ir embora

Sempre a um chamado, atende!

Com gente hospitaleira

Capaz de compartilhar

Dar a mão a quem precisa

A quem tem fome, alimentar

O que sobra em casa

Um escambo pode virar

Já vi a minha mãe

Com café e sabão

Pagar a ajuda na cozinha

Num dia de mutirão

Que limpava toda a roça

Sem qualquer aporrinhação

Mas como bem disse o Luís

Roça aqui pode ser luxo

Se a chuva dada por Deus

Não segue um bom fluxo

Muitas vezes o milho se perde

Na hora do embucho

Mas quando a chuva chega

Tudo se mudifica

A natureza de verde se veste

Os sonhos se amplifica

Se esquece os tempos duros

E o riso, fácil fica!

Ganzagao, Elba e Geraldo

Muito nos representa

Com o fole e a sanfona

O forró sempre esquenta

Retrata bem o nordestino

Que tem sangue nas venta

Caipira arretado

Nunca foge à labuta

De roupa nova na feira

Ou de enxada como batuta

Pode dormir em couro de boi

Ou luxento como puta

Já teve de andar muitas léguas

Levando a precata na mão

Aqueles tempos eram outros

Muita gente de pé no chão

Hoje a vida diferente

Mudou o nosso sertão

Água encanada, energia

Carro, moto, caminhão

Cavalo agora é um luxo

Jegue virou atração

Internet, celular e Wi-Fi

Já substitui a televisão

Na serra plantaram umas torres

Que ao vento pode colher

Produzir uma tal energia

Que o sertão passou a vender

Pra gente lá de fora

Que nois ainda não pode conhecer.

É minha gente,

Tá tudo muito mudado

Uma tal sustentabilidade

Acabou com os roçado

Não pode desmatar

Ou mesmo caçar veado

Imagino Graciliano

Nesse lugar tão diferente

Tem água de poço, cisternas

Chuveiro de água quente

Cachorro que dorme em sofá

E de “Baleia”, nem semente!

Chicó e João grilo

Continuam muito atuais

A leitura de Suassuna

Decifrou os normais

Personagens bem matutos

Que povoam nossos anais

Mas a moda é morar no campo

E largar lá da cidade

Com sua violência e poluição

Cheia de muita maldade

Achar uma vida nova

Que traga tranquilidade

Viver a abundância

Junto a natureza

Desfrutar de tudo que temos

Mesmo com toda rudeza

Se alimentar de orgânicos

Criar vida e riqueza!

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